O convidado da Rede Social de hoje é Filipe Melo, músico, realizador de cinema e autor de banda desenhada. O piano é uma paixão antiga que o levou à escola do Hot Club e a uma das grandes escolas de música de Boston. Tornou-se compositor e orquestrador, dá aulas na Escola Superior de Música em Lisboa.
Uma das curtas metragens que realizou venceu o Fantasporto, com outra ganhou o prémio Sophia da Academia Portuguesa de Cinema. É já um autor de culto na banda desenhada. Tem desenvolvido, nesta área, uma frutuosa parceria com o ilustrador argentino Juan Cavia.
O último objecto fascinante saído das suas mãos é uma novela gráfica intitulada "Balada para Sophie" que a Tinta da China acaba de editar. São um pouco mais de 300 páginas de puro fascínio. Elas fazem correr diante dos nossos sentidos a história de uma extrema rivalidade entre dois pianistas franceses, Julien Dubois e François Samson.
Filipe Melo já disse algures que este livro "é uma carta de amor ao que é a música no seu estado puro". Esse é afinal o grande remorso de Julien Dubois ao passar a sua vida em revista interrogado por uma suposta jornalista: a de, perseguido pelo fantasma do seu eterno rival, se ter travestido noutra coisa, um bem sucedido intérprete de um produto musical xaroposo. Este livro demorou cinco anos a concluir. Foi talvez a obra mais demorada e mais ambiciosa de Filipe Melo.
A conversa de Fernando Alves com o multifacetado artista Filipe Melo vai folheando um livro mágico, aqui e além tomando outros caminhos. "Isso das mãos de pianista é um mito", dirá o genial compositor e intérprete a dado momento. A conversa acaba com o pianista recitando o "Poema do Fecho Éclair", de António Gedeão. Num comovido regresso à infância a que não falta a evocação de um pequeno piano Casio que a mãe lhe deu para o distrair dos receios de uma intervenção cirúrgica. Tudo somado, ele dirá: "Tive uma infância muito feliz".
