A convidada da Rede Social de hoje é a bióloga Maria Adelaide Ferreira, investigadora do MARE (o Centro de Ciências do Mar da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa).
Desde a licenciatura, em 1994, Maria Adelaide Ferreira esteve envolvida em múltiplos projectos de investigação (da oceanografia física à detecção remota). Esses projectos levaram-na, juntamente com o biólogo Francisco Andrade, seu marido, aos Estados Unidos e a Moçambique.
Para início de conversa, o jornalista Fernando Alves pergunta-lhe se não faria mais sentido chamarmos Oceano, em vez de Terra, ao planeta em que vivemos. "Claro que faria", responde a bióloga. "Chamamos-lhe planeta Terra, porque somos mamíferos terrestres. Mas 70 por cento do planeta é coberto por oceano. O Arthur C. Clarke, já no século passado, manifestou essa mesma perplexidade, considerando estranho que chamemos Terra a este planeta tão claramente oceânico. De facto, a nossa imagem no Espaço, o pálido ponto azul que nós somos e que foi visto pela Voyager quando saía do sistema solar é azul por alguma razão".
Num texto recente sobre sustentabilidade, Maria Adelaide Ferreira coloca-nos a bordo da "nave espacial Terra" que se desloca no espaço sideral à velocidade de cruzeiro de 220 km por segundo. Lembra-nos que é dever de todos os tripulantes serem guardiães da nave espacial. E sublinha esta ideia: " O sector português da nave engloba um vasto espaço marítimo que envolve 97% de todo o território sob soberania ou jurisdição desse grupo de astronautas". Nem sempre olhamos para o mar pensando em território. Se o fizéssemos, talvez nos espantássemos? "Eu creio que seria fantástico que nos espantássemos. Mas parece que, nos tempos que correm, pouco nos espanta. E, contudo, há sempre algo novo e espantoso quando olhamos para o mar.
