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Não é todos os dias que um polícia é preso pelos companheiros de profissão. Mas aconteceu, em junho de 2021, com Mauricio Demétrio, delegado da polícia do Rio de Janeiro, apanhado em flagrante a cobrar comissões ilegais a 40 comerciantes de Petrópolis, perto da Cidade Maravilhosa, num total superior a um milhão de reais. Sucede que, depois de preso, as investigações prosseguiram e descobriram uma infinidade de crimes, alguns cinematográficos.
Demétrio, ao intuir que um companheiro delegado de polícia, Marcelo Portugal, o investigava, antecipou-se e prendeu-o em flagrante. Para tanto, fez-se passar por mulher, uma secretária de uma ONG, e encomendou t-shirts com figuras de desenhos animados a uma empresa de Portugal. Depois de recebê-las mandou prender o companheiro de profissão por falsificação.
Noutra ocasião, apresentou uma denúncia na própria delegacia onde trabalhava contra Eduardo Paes, candidato a prefeito do Rio de Janeiro nas eleições de 2020, contra Marcelo Crivella, sobrinho de Edir Macedo, líder da IURD. Juntou na denúncia fotos dos maços das notas que Paes supostamente iria receber. Mas o delegado que atendeu a denúncia, Victor Santos, identificou o número que lhe ligou como sendo de um dos 12 telemóveis de Demétrio e nem se deu ao trabalho de investigar. Paes acabou eleito.
Quando viajava ao estrangeiro - e viajava muito - Demétrio alugava limusine blindada, rodeava-se de seguranças e hospedava-se em hotéis luxuosos. Na Florida, chegou a gastar 10 mil dólares para que um detetive local vigiasse a sua amante.