- Comentar
Está criado o primeiro consórcio que junta três universidades portuguesas. Na primeira edição do Campus Sul foram convidados os três reitores das instituições fundadoras do consórcio: João Sàágua, reitor da Universidade NOVA de Lisboa, Ana Costa Freitas, reitora da Universidade de Évora e Paulo Águas, reitor da Universidade do Algarve (mesa redonda moderada por Ricardo Alexandre).
Os reitores apresentam na TSF este projeto de caraterísticas inéditas. João Saágua refere que "a ideia do consórcio começa por ganhar alguma consistência a partir de uma colaboração que já existe há vários anos e que é muito diversificada entre as três universidades". Ou entre duas delas, consoante os temas e áreas de investigação. Ana Costa Freitas acrescenta que "o facto de nós nos juntarmos os três com esta preocupação, o desenvolvimento do sul, eu acho que isto trará ao sul um desenvolvimento mais sustentável. Ou seja, mais certo, mais harmonioso e mais duradouro". A ainda reitora da Universidade de Évora salienta que "não podemos ter uma região extremamente dependente do Alqueva e depois o norte alentejano sem água"; ou o problema da sazonalidade do turismo no Algarve, "precisamos de ter uma consciência do território que seja harmoniosa e que seja sustentável no tempo. E para isso precisamos que as pessoas realmente percebam o prazer da ciência e o valor da educação".
A ligação das três universidades através do consórcio Campus Sul, pensando o conjunto do território e a oferta formativa e de investigação de forma equilibrada, faz aumentar a esperança nesse desenvolvimento mais sustentável. Ana Costa Freitas não tem dúvidas: "nós precisamos ter mais coesão territorial, que não temos. Eu tenho dito até à exaustão que são zonas do país esquecidas, abandonadas e de quem só se lembram por altura das eleições".
Têm as universidades sido parceiros que são esquecidos enquanto catalisadores e potenciadores da coesão social e territorial? Paulo Águas, reitor da Universidade do Algarve, responde dizendo que "as universidades são claramente motores de desenvolvimento regional também. Nós temos na nossa missão, para além do ensino e da qualificação de recursos jovens e menos jovens, temos também a missão da criação de conhecimento com o meio envolvente, seja empresarial ou não-empresarial".
Sem querer olhar muito para o passado, Águas diz que "as universidades têm que estar cada vez mais em ligação com o seu território". O Campus Sul dá, "claramente, um sinal nesse sentido".
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
No debate que aqui pode ver e ouvir, os reitores do Campus Sul destacam áreas como agricultura sustentável, cidades, património, economia azul e biodiversidade, esperando que a agregação de recursos possa melhor servir o país e, em particular, "o setor empresarial com mais inovação", diz Paulo Águas, que sintetiza numa ideia que repete: "é isso que nos move".
O consórcio vai lançar um "1º Ciclo de Estudos Gerais para a Sustentabilidade (lecionada em inglês e também dirigida para o mercado internacional, o que enriquecerá o projeto, segundo os seus mentores), em que os estudantes vão circular entre as três universidades". Essa licenciatura começará a funcionar no ano letivo 2023-2024. Os estudantes poderão também ter acesso aos mestrados existentes nas três universidades. "É condição essencial que os estudantes passem pelas três universidades", acrescenta Paulo Águas. As universidades garantirão residência aos estudantes quando estes estiverem deslocados numa das instituições do Campus Sul Cada universidade contribui com "aquilo em que é mais forte", tornando a formação do estudante mais variada e diversificada, prometendo as universidades uma abordagem pedagógica inovadora, nomeadamente ao trazer "os agentes do desenvolvimento regional para a própria formação".
Os reitores reconhecem que o consórcio traz igualmente vantagens em processos de candidatura a projetos e financiamentos internacionais: "é-nos mais fácil ter parcerias internacionais se nos apresentarmos as três (universidades) juntas, do que isoladamente", afirma Ana Costa Freitas. A rede está condenada ao sucesso, a avaliar pelo entusiasmo dos reitores: "nós não estamos a ver quem tira o quê a quem, mas sim a ver como é que todos aumentamos, como é que as três universidades podem crescer; isto tem potencial para nos fazer crescer a todos".