Democracia, Para Que Te Quero

A TSF vai a escolas de norte a sul do país saber o que pensam os estudantes quando se fala de Democracia? Só de eleições? Ou de um modelo de organização da sociedade composta por cidadãos livres e iguais? Que direitos individuais e coletivos? Como vai ser o futuro? Democracia Para Que Te Quero, uma parceria da TSF com o Ministério da Educação.

"É o sistema onde mais prevalece a vontade do povo." Jovens discutem qualidade da democracia em Guimarães

A TSF, em parceria com a Direção-Geral da Educação, foi até à Escola Secundária Martins Sarmento, em Guimarães, a primeira cidade do país, saber o que os jovens pensam da qualidade da democracia em Portugal e no mundo.

Mónica Dias, professora da Universidade Católica Portuguesa, onde é também vice-diretora do Instituto de Estudos Políticos começou por colocar algumas questões em cima da mesa.

"Tem alguma utilidade? Quais são as vantagens? Quais são os problemas deste regime político? Haverá regimes políticos melhores? Mais eficientes? Que tragam mais bem-estar e felicidade? Ou este é, de facto, o melhor sistema político em comparação com todos os outros? Um sistema político que não é perfeito, talvez porque nós também não somos perfeitos e os sistemas políticos apenas espelham aquilo que nós somos. São construções humanas, invenções políticas e que, na verdade, tentam sempre gerir conflitos, organizar os bens comuns e fazer com que haja um desenvolvimento, com que as pessoas se possam sentir bem e realizadas nas suas comunidades, mas também em relação com outras comunidades a nível global, com outros países no mundo", começou por refletir Mónica Dias.

A especialista recordou também o quão importante é Portugal neste sistema político uma vez que, segundo o politólogo Samuel Huntington, foi no país e com o 25 de Abril de 1974 que começou a terceira vaga de democratização.

"Samuel Huntington analisou vários sistemas políticos, várias mudanças dentro dos sistemas políticos e considerou que antes desta revolução tinham havido outros momentos em que algo mudou substancialmente na ideia de como gerir um país ou de como as pessoas se governam. Diz que houve uma primeira vaga da democratização, em que mais pessoas começaram a participar politicamente, e isso teve lugar por volta de 1920 em que vários países, em todo o mundo ocidental. Tivemos os primeiros parlamentos, as primeiras Constituições. Isto foi algo que aconteceu um pouco por toda a Europa fora, mas também nos EUA", explicou a professora.

Um dos primeiros estudantes a intervir no debate, António Mota Pereira, não teve dúvidas em definir a democracia como o sistema de governo onde "mais prevalece a vontade do povo".

"Onde há luta pelos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e onde existe uma maior luta pela igualdade, como a de género, por exemplo, embora ainda não tenha sido atingida", defendeu o estudante.

Já Sofia Esteves, também uma das jovens participantes no debate, recordou alguns dos benefícios que o sistema democrático trouxe ao país. Como o Serviço Nacional de Saúde e um sistema de ensino que ajudou a melhorar os níveis de alfabetização, muito reduzidos durante os tempos de ditadura.

"São sistemas que, hoje em dia, estão sempre a melhorar apesar de ainda terem algumas falhas. Ainda são relativamente recentes, mas trabalham para que todas as pessoas tenham esses apoios. Principalmente no ensino isso já foi mais concretizado, onde todos os jovens têm direito à educação durante 12 anos, o que seria impensável antes da democracia em que era muito difícil e só pessoas privilegiadas tinham acesso a este tipo de ensino", acrescentou a jovem.

Em 2020, no âmbito das comemorações do 25 de abril, a Escola Secundária Martins Sarmento juntou aos atuais alunos alguns antigos estudantes, que viveram a marcante data na escola. Iniciativas que demonstram que as reflexões sobre a liberdade e democracia neste estabelecimento de ensino não são uma preocupação recente.

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