Postal do Dia

Já ninguém escreve postais, mas a TSF insiste e manda bilhetes postais com destinatário. Em poucas palavras mas com ideias que fazem pensar: "Postal do Dia", com Luís Osório. De segunda a sexta-feira, depois das 18h00 e sempre em tsf.pt.

A juventude não é juventude se não viveres como se fosses morrer amanhã

1.

As grandes crises na História trouxeram sempre medo, ódio e morte. Mas também esperança, coragem e combate por uma ideia de futuro.

Para muitos historiadores, politólogos ou filósofos vivemos uma época de decadência, há sinais que colam determinados acontecimentos e protagonistas a acontecimentos e protagonistas de outros tempos históricos.

E existem também fortíssimos indícios de que devemos continuar a ter esperança no futuro, de que há muitos jovens (nunca gostei da palavra) que estão na vanguarda do que se pensa e faz.

2.

Miúdos com menos de 30 anos. Muitos deles com menos de 20 anos. Gente que tem mais coragem do que os seus pais tiveram. Gente que tem o fogo de viver uma altura em que mais coisas acontecem em menos tempo, sem medo de perder o que tem porque sabe que se não agir perderá tudo.

Por isso, também por isso, tenho defendido a sueca Greta Thunberg. Sem ela o mundo estaria muito pior, estaria certamente menos alerta para uma tragédia que se avizinha.

Por isso, também por isso, gosto de Malala e da sua luta pelos direitos das mulheres no Paquistão.

Por isso, também por isso, aplaudi Amika George que organizou uma manifestação de milhares de pessoas em Londres a favor da dignificação de mulheres que, pura e simplesmente, por estranho que nos pareça, não podiam pagar os seus pensos higiénicos.

3.

Somam-se mesmo os indícios. E temos de os deixar ir. Temos de os deixar tomar as rédeas da indignação, mas também da inovação. Deixar de lamentar que os nossos filhos já não joguem à bola na rua ou estejam sempre vidrados no telemóvel.

Porque o que vejo é uma nova ordem que começa a ser construída com gente cheia de sede de futuro. Cheia de sede de vida. Com urgência de inventar o seu próprio mundo e não o mundo que herdaram.

Serão excessivos?
Claro que são excessivos. Devem sê-lo. Se não o forem serão apenas miúdos a imitar os seus pais, novos que parecem velhos antes de o serem. Como aliás alguns candidatos que vejo em listas partidárias que parecem ter uns 150 anos. Ridículos porque uma cópia do que nos fez chegar até aqui.

4.

Acredito muito que a revolução está a caminho. Uma revolução de mentalidades em que a vanguarda será ocupada por gente mais preparada do que nós. Espero que os meus filhos possam acompanhar esta fome de amanhã. E espero que o façam com paixão, doa a quem doer.

Como tu que me estás a ouvir ou a ler.

Vai em frente, sem medo das ideias, sem medo do medo, sem receio de que estás a construir um caminho que um dia será o dos teus filhos e dos filhos dos teus filhos. Não gastes a energia com gritos de praxes, gasta-a na construção de um mundo novo.

5.

E como escrevi há uns anos:

"A juventude não é juventude se não vivermos como se fossemos morrer amanhã. Não é juventude se não encontrarmos o nosso próprio destino, se não afrontarmos os que acham ser donos do caminho. Não é juventude se não arriscarmos, se não abrirmos a janela e respirarmos fundo de tanto acreditar que é possível o que quisermos que seja possível. Não é juventude se não começarmos a tratar por tu o silêncio e a solidão e se não tivermos medo de falhar. Se não nos apaixonarmos, se não chorarmos de raiva, angústia, se não gritarmos. A vida é a vida. A juventude não é juventude se a tratarmos como se fosse uma série de 30 ou 50 minutos com intervalos. Na vida os episódios não duram esse tempo, a juventude não é juventude se cada minuto não for vivido com intensidade, dure o que durar. E sem intervalos publicitários. A juventude não é juventude se tivermos a televisão ligada".

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