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1.
Herman José continua a correr.
Continua a querer mostrar todos os dias que é especial, que é único, que se importa com o que dele ficará na nossa memória coletiva.
Ele não tinha que o fazer, não tinha que se esforçar como se esforça - a construir todas as semanas personagens, todos os dias a procurar novos caminhos, novos tiques, novos motivos para acordar e seguir o seu único caminho possível, a única estrada que conhece, a dos que não param, a dos que não desistem.
Herman morreria se parasse de correr
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2.
Viram a imitação que fez de José Milhazes?
Tanto trabalho ali, tanta tentativa e erro até chegar a um Milhazes ainda melhor do que o original.
Herman vai sempre a jogo.
Nunca recusa um desafio, uma picardia, uma hipótese de se espicaçar e de oferecer o melhor de si.
Parece impossível que já tenha quase 70 anos.
Quantas pessoas Herman viu serem aplaudidas como novas grandes estrelas, mas que definharam até à insignificância?
Quantos humoristas desistiram antes de tempo?
Quantos engordaram e se tornaram preguiçosos por acreditar que a fama duraria sempre?
Mas Herman não.
Herman esteve sempre.
Criou personagens atrás de personagens.
O Diácono Remédios e a sua mãe.
O Nelito e o Estebes.
O Serafim Saudade e a Marilú.
A Maximiana e o Nelo.
E quantas expressões passámos a usar?
"O verdadeiro artista"
"Uma pomada"
"Goodbye Maria Ivone"
"Eu é mais bolos"
"Eu é que sou o presidente da Junta"
"Não havia necessidade".
Quantos programas nos reinventaram?
Tal Canal
Hermanias
Casino Royal
Parabéns
A Roda da Sorte
Quantos fins de ano se tornaram épicos por ele lá estar?
Quantas entrevistas históricas atingiram a genialidade?
3.
Herman José não tinha de correr tanto.
Para quê se já ganhou tudo?
Curioso que o mesmo dizemos do Cristiano Ronaldo - para quê continuar a correr, qual a razão para não parar, para não descansar?
Porque são assim.
Porque não há outra possibilidade.
Para Herman José, viver é uma corrida.
Fazer rir o tempo.
Não desistir de ir a jogo.
Ser mais, ser todos os dias mais.
Para um homem assim não é possível parar, descansar, pedir tréguas.
Herman José é o construtor de uma casa sempre por acabar. E quando se aproxima do fim é ele mesmo que a destrói para que ela nunca esteja acabada.
Lembram-se do momento em que destruiu o cenário da Roda da Sorte?
E viram mesmo a imitação do Milhazes?
Viram o que estava para lá daquela imitação?
Estava o Herman.
O velho que é novo.
O que vai, o que arrisca, o que não teme.
Está o Herman, tão vivo e fulgurante como o seu Nelito na escola que foi e continua a ser nossa.
Graças a ele.