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1.
Não gosto dos que se acham superiores.
Dos que se protegem em "panelinhas" que apenas mostram a sua incapacidade.
Dos que se refugiam em Paris ou Londres para escrever um livro porque acreditam que os ares das grandes capitais lhes oferecem a inspiração que lhes falta.
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Dos que dizem mal apenas por maldade.
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Dos que não respondem a emails ou convites.
Dos que passam por nós como se não nos conhecessem.
Dos que passam por nós e nos conhecem assim que somos convidados para alguma coisa que lhes possa garantir favores em troca.
2.
Não gosto no que os partidos têm de arrogância.
Da dificuldade de se poder dizer o que se pensa sem pagar um preço.
Da sede de poder e de dinheiro.
Dos que escrevem comentários cobertos de ódio, dos que nos atiram a superioridade à cara, das más pessoas, dos que nos fazem perder tempo, dos pseudointelectuais, dos maus fígados, dos violentos que metem o dedo do meio de fora do carro e nos ameaçam de porrada se o sinal vermelho cair.
Dos que só ouvem os lados B porque os lados A são para o povo.
Dos que apenas gostam das canções ou dos filmes que ninguém conhece.
Dos petulantes.
Corruptos.
Misóginos.
Fascistas.
Polícias com dedinhos em zero.
Dos que agora dizem bem de alguém que morreu, mas que se estiveram a borrifar quando o morto vivia.
Dos que nos empurram para baixo, que nos pisam ou tentam pisar, que insultam gratuitamente ou que nos atropelam com o seu ressentimento.
3.
Não gosto dos que vão para não gostar.
Dos que bajulam quem está por cima e tratam mal quem está por baixo.
Dos que só conseguem tolerar as ideias que vão ao encontro do que já pensam.
Das que me dizem que penso demasiado porque a vida são dois dias e o carnaval são três.
Dos que não se comprometem com nada, dos que não querem problemas, dos que gritam que é tudo uma cambada de chulos, dos que acreditam ser melhores do que os outros, dos que tratam as pessoas como se fossem virtuais, como se não tivessem sentimentos, como se não se magoassem ou tivessem sonhos.
4.
Estou farto de ver pessoas que tratam mal.
Pessoas sem empatia, gente que vomita comentários em redes sociais que servem para magoar, para pôr o pé em cima ou para mostrar que são superiores.
Estou farto da agressividade e da falta de ideias.
Estou farto de miúdos que não saem dos telemóveis, que não tentam puxar o mundo pelos colarinhos, que não fazem a sua parte, que não tentam oferecer o melhor de si.
Farto de quem não tenta ser mais e de quem se acomoda.
Fartíssimo de quem bate nos mais frágeis, de homens que matam as suas mulheres ou que só conseguem falar de bola com argumentos de caverna.
5.
Sei que hoje é segunda-feira.
E não pensem que estou chateado, triste ou deprimido.
Pelo contrário.
Mas quero dizer-te que vale a pena viver.
Saborear.
Desequilibrarmo-nos.
Evoluir.
Arriscar.
Rir.
Dançar.
Marcar coisas amanhã que sejam diferentes das de hoje.
Vale a pena viver.
Como um dia me perguntou José Cardoso Pires, um dia em que, com 19 ou 20 anos, estava a bater com a cabeça na parede por não conseguir escrever um texto no semanário O Jornal.
"Luís, diz-me só uma coisa. O que vais fazer amanhã? O que vais fazer amanhã que verdadeiramente seja importante, decisivo, arriscado, bonito?".
Devolvo-te então a pergunta.
"O que vais fazer amanhã que não seja o que fizeste hoje, ontem e anteontem?".
O que vais fazer para a semana?
Pensa e faz.
E farta-te do que te puxa para baixo.