Uma canção inédita com a participação de George Harrison e Ringo Starr acaba de ser apresentada no Museu dos Beatles, em Liverpool. A canção foi encontrada, há tempos, num sótão. Os objectos que acrescentam novidade à nossa vida são muitas vezes encontrados em sótãos ou em caves. É como se lá tivessem sido perdidos ou escondidos de um qualquer agora, antes, há muito tempo. É como se os sótãos e as caves existissem para esse fado. A canção agora encontrada e revelada foi gravada num estúdio de Londres, em 1968, as notícias não dizem se em Maio. Foi escrita por um tipo da rádio e ganhou a voz do indiano Aashish Kahn. Harrison dedilhou a guitarra, Ringo passou as vassourinhas pelos pratos. A música resultou de um acaso feliz, quando o indiano gravava e os dois Beatles entraram no estúdio. Da conversa ao envolvimento criativo foi um ai, mais de cinquenta anos depois esse encontro fez descobrir uma canção numa fita velha restaurada.

Esta notícia cruza-se com outra das últimas horas, a do leilão da casa de infância de George Harrison. Ora, essa é a casa em cujo terraço os Beatles fizeram os seus primeiros ensaios. Um terraço é o avesso de um sótão, nada se perde nele e o que lá ganhámos, todos quantos amámos os Beatles, permitirá ao comprador da casa erguer um novo museu, por terem passado vinte anos sobre a morte de Harrison. É outra maneira de restaurar uma fita de canções perdidas, que tinham nascido para as encontrarmos adiante, como supernovas cujo brilho explodirá nos nossos sentidos num tempo a vir, algures agora ontem. O sótão explodindo para ser terraço.