Sinais

"Sinais" nas manhãs da TSF, com a marca de água de sempre: anotação pessoalíssima do andar dos dias, dos paradoxos, das mais perturbadoras singularidades. Todas as manhãs, num minuto, Fernando Alves continua um combate corpo a corpo com as imagens, as palavras, as ideias, os rumores que dão vento à atualidade.
De segunda a sexta, às 08h55, com repetição às 14h10.

Os noticiários da manhã

Recolhi na edição digital d'A Voz de Trás os Montes os números agora disponibilizados pelo município de Boticas: o Gabinete Itinerante de Atendimento ao Munícipe realizou, o ano passado, cerca de 11 mil acções no terreno. As duas equipas móveis do município visitam todas as semanas as 24 localidades do concelho, resolvendo problemas concretos dos que, pela idade ou pela debilitada condição física, não podem deslocar-se à vila. Boticas partilha com Montalegre o quadro de honra barrosão de Património Agrícola Mundial. É um município com preocupações ambientais e oferta cultural.

Do Boticas Parque ao Centro de Artes Nadir Afonso, do Museu do Vinho dos Mortos à Rede de Tabernas, são muitos os chamamentos neste lugar onde ainda se fazem caminhadas recriando o trilho do lobo, como aquela que está convocada para dia 2 de abril em Covelo do Monte. Mas quero agora ater-me a estes números de um trabalho continuado de proximidade através do qual as unidades móveis do município resolvem problemas concretos, de segurança social ou finanças, marcação de consultas ou distribuição de medicamentos. A Câmara de Boticas assumiu também desde agosto de 2020 a distribuição de correio urgente ou não urgente, assim suprindo a resposta deficitária dos CTT. Só o ano passado, a câmara realizou 50 mil entregas de cartas ou de encomendas pelas aldeias. Ao ler isto, dei comigo a imaginar a entrega de poemas de José Carlos Barros, retirados de "Teoria do Esquecimento" ou de "As Leis do Povoamento" em Sapiãos ou Fiães do Tâmega, em Ardãos ou Alturas do Barroso. Faria todo o sentido, não apenas porque o grande poeta e ficcionista ( autor do notável romance "As pessoas invisíveis") que, há anos, escolheu viver em Cacela é natural de Boticas. Mas porque esta notícia sobre o trabalho "poético" das equipas móveis da câmara de Boticas casa na perfeição com o poema "Os noticiários da manhã" que peço licença para trazer a esta rádio.

"Os noticiários da manhã abriram com essa imagem/ fabulosa: dois poetas construíram um edifício./ Não era um edifício abstracto. Não/ era o utópico edifício do coração das obras./ Era um edifício verdadeiro: alicerces/ paredes, telhados, pedra, tijolos,/ cimento. Em vez do exercício habitual/ de poetas procurando destruir os edifícios/ todos da cidade, um a um, disparando canhões/ de pólen, estes dois poetas erguiam/ um edifício verdadeiro, concreto/ tangível. E isto é de uma humanidade/ comovente. E isto chego a pensar que merecia um poema".

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