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Quando chegou a lista dos peixes, veio-me à cabeça o O'Neill: "Lembras-te, jóia, daquele bacalhau/ que comemos em Viana do Castelo?/ Parece que foi ontem, mas já lá vão dez anos./ Ainda tinhas tu muito cabelo".
E saltou-me na lota (anagrama de "saltou-me na tola") a quadra pessoana: "Compras carapaus ao cento,/ sardinhas ao quarteirão./ Só tenho no pensamento/ que me disseste que não".
Ouça aqui a crónica na íntegra
O peixe espada saltou do cabaz, que pena. Já não podes grelhar a posta mais alta do poema de Vinicius:"Quando um peixe espada/ vê outro peixe espada/ pensam que eles brigam?/Qual brigam, qual nada". Nada de nadar? - pergunta o distraído consumidor, consumido. Nada de nada, responde o analista, que preferia espadarte. O esturjão do Mário-Henrique, nicles.
O cherne e a corvina não entram na lista? - perguntou o freguês da caldeirada de Peniche. Nem à fragateiro, salva-se a enguia. Carrega na batata e na cebola, e corta no alho, tirando o francês.
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"Escrever um poema/ é como apanhar um peixe/ com as mãos", atalhou Adília. Ora brócolos, comentou alguém que tinha ficado a fazer contas no balcão dos legumes.
Amália cantou ao meu ouvido: "Fui ao mar buscar sardinhas/ para dar ao meu amor./ Perdi-me nas janelinhas/ que espreitavam do vapor".
Dê-me uma dúzia de rimas, para fritar, se fachavôr.