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A taxa de resíduos paga a reciclagem? As embalagens devem ser lavadas antes de irem para o ecoponto? E para onde vão as lâmpadas? Apesar de os estudos indicarem que os portugueses reciclam cada vez mais, ainda há muitos erros, dúvidas e mitos sobre esta prática sustentável. Na véspera do Dia Mundial do Ambiente, o programa da TSF "Verdes Hábitos" visitou a Sociedade Ponto Verde, entidade gestora dos resíduos de embalagens, para desconstruir preconceitos e esclarecer questões práticas.
A Sociedade Ponto Verde surgiu há 25 anos e, desde então, muito mudou na mentalidade dos portugueses. A coordenadora da área da comunicação da entidade, Teresa Cortes, vai até mais longe.
"Mudou tudo. Há 25 anos, a reciclagem era pouco expressiva e pouco interiorizada. Hoje em dia, os portugueses estão muito mais preocupados com as questões ambientais e reconhecem que a reciclagem é o principal gesto que podem fazer em prol da proteção do ambiente. Isso reflete-se, por exemplo, nos últimos dados que temos da reciclagem. De 2019 para 2020, aumentámos em 13% a reciclagem das embalagens", diz em entrevista ao "Verdes Hábitos".
Ouça aqui o Verdes Hábitos, um programa de Sara Beatriz Monteiro com sonoplastia de José Guerreiro
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Ainda assim, o maior entrave e, ao mesmo tempo, o maior impulsionador para a separação das embalagens é o fator conveniência: "O principal fator que impulsionou as pessoas a passarem a fazer a separação das embalagens foi a colocação de ecopontos perto de casa. Portanto, a não-existência de um ecoponto perto de casa é o maior entrave."
Por outro lado, há a barreira da "desconfianças no sistema", porque "ainda há incertezas de para o que é que estamos a contribuir quando colocamos as embalagens nos ecopontos" e há, por exemplo, "quem indique que já paga uma taxa de gestão de resíduos e, portanto, não tem de o fazer", explica Teresa Cortes.
Quanto à taxa de gestão de resíduos, Teresa Cortes esclarece que esta não está relacionada com a reciclagem: "A taxa que nós pagamos na gestão de resíduos é para gestão dos resíduos indiferenciados, portanto, aquilo que é colocado em aterro. A reciclagem é financiada pelos embaladores."
Por isso, sublinha, aquilo que é pedido aos consumidores que "façam ao colocarem as embalagens nos ecopontos é um ato voluntário, mas aquilo que estão a pagar na fatura da água não é para este circuito".
Outro mito muito comum "é o de que o camião vem, recolhe e depois junta tudo aquilo que nós separámos", o que não é verdade. No entanto, essa perceção é partilhada por várias pessoas já que, muitas vezes, os camiões têm dentro dois compartimentos para dois tipos de resíduos diferentes, dando a ilusão de que as embalagens estão a ser misturadas.
Noutro plano, também acontece, por vezes, "haver o caso de ser detetada alguma contaminação dentro do ecoponto" e os dois tipos de embalagens serem recolhidos em conjunto, uma vez que pode "não compensar recolher separadamente, se o material estiver contaminado". Um exemplo de contaminação é, por exemplo, uma garrafa cheia de óleo ser colocada no ecoponto amarelo, inviabilizando a reciclagem de todo o conteúdo do contento.
Por fim, Teresa Cortes sublinha que a reciclagem não rouba emprego a ninguém: "Pelo contrário, a reciclagem, em Portugal, fomenta mais de 13 mil postos de trabalho".