- Comentar
Os doentes com Parkinson chegam a esperar um ano por uma consulta de acompanhamento. É o que revela a Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson, preocupada com os tempos de espera desencontrados das necessidades dos doentes
"Há pessoas diagnosticadas com Doença de Parkinson que, após a primeira consulta de especialidade em neurologia, chegam a esperar um ano por uma consulta subsequente, o que é completamente desajustado das suas necessidades, visto que há casos em que a terapêutica tem de ser ajustada em períodos de tempo muito mais curtos, por vezes até mês a mês", alerta, em comunicado às redações, a presidente da associação, Ana Botas.
Em Portugal, existem entre 18 a 20 mil pessoas com a doença de Parkinson e todos os anos são identificados dois mil novos casos. Depois do Alzheimer, a Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais prevalente a nível mundial.
A enfermidade é caracterizada por sintomas motores, como a lentidão dos movimentos, a rigidez muscular, o tremor e as alterações da postura. Por ser uma doença crónica, esta patologia implica acompanhamento, tratamentos contínuos e uma resposta multidisciplinar. Sempre que possível, o tratamento passa por realizar terapia da fala e fisioterapia.
"Os cuidados estão ainda muito centrados nos médicos, e o acesso a outros profissionais de saúde com treino nesta doença é ainda limitado. O que é atualmente recomendado é que todos os doentes sejam acompanhados por equipas multidisciplinares, incluindo neurologistas, fisioterapeutas, terapeutas da fala, e outros profissionais de saúde. Contudo, o acesso a estes cuidados multidisciplinares é ainda escasso e com grandes assimetrias no país", afirma, no comunicado de imprensa, Joaquim Ferreira, Professor da Faculdade de Medicina de Lisboa, Diretor do Campus Neurológico e membro do Conselho Científico da Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
O neurologista acrescenta ainda que, "em Portugal, já há cerca de 850 doentes tratados com um implante de estimulação cerebral profunda, uma opção de tratamento para muitos doentes em quem a medicação já não é eficaz". "Felizmente, quase todos os medicamentos e mais recentes tecnologias para tratar a doença estão disponíveis em Portugal. Apenas temos de garantir que todos os doentes têm acesso, em tempo útil, a esses tratamentos", conclui Joaquim Ferreira.
Em média, um doente de Parkinson é avaliado uma vez por ano, mas encontrar a medicação adequada pode tornar-se uma tarefa que exige muitos ajustes. A presidente da Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson aponta ser necessário "termos mais reposta disponível".