Os rebeldes de Saltillo

Os rebeldes de Saltillo

Foi, talvez, o último torneio "amador" em que Portugal participou. Depois de 20 anos fora dos Mundiais, e com a memória de Inglaterra 66, em 1986 o país acreditava, sem reservas, na seleção. Na memória recente ainda estava o Europeu de França, em 1984, e a forma dramática como Portugal tinha sido eliminado pelos anfitriões. Dentro de campo, a seleção tinha mostrado bom futebol, Chalana tinha despontado para os palcos europeus e o conjunto estava afinado. Chamaram, aos que foram chamados para o México 86, os Infantes.

Da fúria a um futebol quixotesco

Da fúria a um futebol quixotesco

É para já a imagem que guardo do mundial. Os primeiros oito minutos da Espanha diante da Costa Rica transportam-me para um lugar diferente neste campeonato do mundo de futebol. Dois passes para golo de Pedri, não correspondidos na finalização de Asensio e Olmo. Uma sucessão de passes com critério, uma viagem de pé para pé. Na memória do futebol, não há apenas lugar para os vencedores, há (talvez) espaço para uma possibilidade estética, uma determinada ideia de futebol coletivo, apologia do passe, da qualidade técnica, um passe feito remate de sorriso no rosto (como aquele de Rafael Leão diante do Gana).

Marco Tardelli celebra o seu golo na final do Espanha 82, em que a Itália venceu a Alemanha Ocidental

A liberdade de ser criança

O meu "primeiro" Mundial foi o de 1982. Talvez por ter sido em Espanha, talvez porque Portugal foi invadido pela propaganda do evento, ou porque o Naranjito aparecia na televisão vezes sem conta. Era verão, e como em todos os verões, em criança, passávamos o tempo entre a praia e a casa grande da minha tia Artemísia, que era uma espécie de albergue espanhol. Havia espaço para todos, muito para fazer e, sobretudo, diante da casa, uma rua larga, imensa, sem transito, asfaltada, que era um perfeito campo de futebol. Era verão. E como todos os verões, sentíamo-nos livres, imortais, os dias eram longos e as férias sem fim à vista. Tempo. Espaço. Imaginação.

Gianni Infantino

O infame Infantino

Gianni Infantino dirige uma das mais poderosas corporações do mundo, que não passa, no entanto, do ponto de vista do direito, de uma associação privada de federações de futebol. A FIFA detém um poder supranacional, que tem força que muitos governos, sem qualquer escrutínio democrático e público, com uma política de opacidade, imposição e impunidade sem paralelo. (Há uma outra, semelhante, a UEFA, mas esse tema fica para outros dias). A FIFA pratica um regime semelhante ao de uma ditadura musculada, opressiva e feudal.